terça-feira, 22 de junho de 2010

CACHAÇA – A BEBIDA REVOLUCIONÁRIA



Em 1994 na ultima década do século XX, a nossa cachaça foi estabelecida como “produto cultural” do Brasil através de uma lei aprova naquele mesmo ano. No entanto nem sempre foi assim.

Durante o século XVII quando o Brasil ainda era colônia portuguesa a legislação era diferente em relação ao comércio da aguardente, pois Portugal não permitia a sua venda, mas os fazendeiros desobedeciam as autoridades locais e produziam a bebida mesmo sendo proibido.

Portugal não via com bons olhos a produção da bebida, isso porque a metrópole já produzia a sua própria aguardente. Produzida a partir do bagaço da uva chamada de bagaceira. Se a colônia lançasse a bebida no mercado um produto semelhante acarretaria numa concorrência e diminuiria os lucros dos produtores de Portugal.

– Em 163, surge a primeira lei que proibia o consumo de cachaça, sem muito efeito;

– Em 1647, foi criada a Companhia Geral do Comércio que passa a deter o monopólio de venda de vários produtos como as bebidas alcoólicas (vinho e bagaceira) e proíbe o comércio da cachaça; No mesmo ano ela passa a ser vendida em Angola por contrabando;

– Em 1659, a Coroa Portuguesa manda destruir alambiques. Produtores de cachaça são ameaçados e navios com a bebida são queimados. Mas o contrabando cresce;

– Em 1660, mesmo com a crise no mercado de açúcar do Rio de Janeiro, o governo da capitania criou novos impostos naquele ano. A cobrança revoltou os alambiqueiros;

– 1660-1661, os produtores fluminenses de cachaça indignados pela perseguição por vender a bebida e com os altos impostos criados por Salvador Correia de Sá e tomam o poder no Rio de Janeiro por cinco meses, eliminando taxas e liberando o comércio da bebida;

– Liderados por Jerônimo Barbalho, os produtores de cachaça tomaram a cidade do Rio de madrugada e exigiram o fim dos impostos;

– Em 1661, diante da inutilidade das proibições, Portugal finalmente liberou a venda de cachaça no Brasil. A rainha regente de Portugal, dona Luíza de Gusmão, libera a fabricação de cachaça no Brasil;

– Em 1662, o padre Antonio Vieira denuncia em Belém do Pará, a troca de cachaça por índios escravizados;

– 1670-1675, o governador do Rio de Janeiro, João da Silva e Souza, torna-se um dos principais contrabandistas de cachaça para a África;

– Em 1679, a Coroa Portuguesa ordena a proibição por dez anos a importação da cachaça brasileira em Angola. Mas ele persiste, sendo comandado por governadores de Brasil e Angola;

– 1680-1684, o principal contrabandista de cachaça João da Silva e Souza é nomeado governador de Angola;

– 1690-1694, Câmara Coutinho é nomeado governador-geral do Brasil e pressiona pela liberdade de comércio;

– Em 1695, Finalmente Portugal aprova as exportações de cachaça que passa a ser legal mediante taxas de saída do Brasil e entrada em Angola. Em menos de dez anos, o comércio legal com a África alcançaria 689 barris ao ano, com 310 mil litros de aguardente.

Os alambiqueiros se revoltaram chegaram a tomar o Rio de Janeiro, embora tenham sido derrotados ganharam o respeito de Portugal e o direito de comercializar a bebida, a aguardente, a nossa cachaça.

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